quarta-feira, 3 de outubro de 2012


       Chaves que abrem as portas do mercado de trabalho

Ao contrário do que muitos pensam, e esperam, as portas do mundo empresarial não estão abertas para nós, deficientes visuais. A lei de cotas apenas as entreabriu. Cabe a nós completarmos o ato.
A reserva de mercado veio para incentivar a empregabilidade dos portadores de deficiência, porém ela só não basta. Isto porque o mercado de trabalho está saturado, cada vez mais exigente e a acirrada concorrência entre pretendentes a uma vaga é fato inconteste.
Portanto, que o poder público faça cumprir a Lei nº 8.213/91 é necessário, mas a nós compete lançar mão de todas as chaves de que dispomos e corrermos atrás das que nos faltam para fazer jus ao que ela determina*.
A qualificação profissional é fator preponderante na hora da seleção dos candidatos. Em conseqüência disso, para exercer qualquer atividade é preciso atender a uma série de pré-requisitos que em momento algum podem ser ignorados.
Conhecimentos de informática são vitais para muitos dos cargos disponíveis, mas não se deve esquecer que noções básicas das operações matemáticas e o domínio da leitura e da escrita da nossa Língua Portuguesa continuam sendo indispensáveis para o desenvolvimento de qualquer atividade profissional.
Além da formação acadêmica tradicional, que é exigida de acordo com o cargo pretendido, o candidato tem que mostrar algo que o diferencie dos demais e que demonstre que ele tem o perfil ideal que se procura. Ingressar no quadro de funcionários de uma empresa, passando por processos de seleção rigorosos, não é fácil, porém o mais difícil é lá permanecer.
Qualidades como pontualidade, assiduidade, iniciativa, bom senso e criatividade ajudam a consolidar a posição do deficiente visual na empresa, eliminando os motivos de demissão mais comuns.
Saber trabalhar em equipe e ter um comportamento amável e respeitoso com os colegas, para que sua presença seja um motivo de alegria e sua ausência não seja motivo de alívio, também fazem a diferença.
Compreensão para tolerar e relevar desentendimentos muitas vezes inevitáveis em um ambiente de trabalho, não guardando mágoas ou ressentimentos, abre quaisquer portas.
Perspicácia para solucionar os problemas do dia-a-dia e disponibilidade para oferecer ajuda quando necessário sempre dão bons frutos.
Responsabilidade, determinação e persistência na execução de suas funções ainda são chaves adequadas ao sucesso profissional. Não basta ser eficiente. É preciso ser eficaz.
Se errar é humano, persistir no erro é tolice. Portanto, compreender que não se sabe tudo, pedir ajuda quando se achar incapaz de executar alguma tarefa e assumir suas falhas são sinais de sabedoria.
Quanto a aumento de salário, faça por merecer e provavelmente você não precisará pedir.
Provido desse molho de chaves, cada um sairá vitorioso principalmente se, ao final, olhar para trás e perceber que em momento nenhum precisou ferir seus semelhantes para conquistar o lugar que, além de lhe ser de direito, agora lhe é de fato!
Francisco Carlos Alves Batista (instrutor de informática da Adeva)
*Empresas com mais de 100 funcionários são obrigadas a preencher de 2% a 5% dos seus cargos com deficientes, na seguinte proporção: até 200→ 2%; de 201 a 500→ 3%; de 501 a 1000→ 4%; acima de 1000→ 5%

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